Um espaço para a Cultura Negra da Amazônia

COMO SEMENTES FOMOS ESPALHADOS NA FLORESTA
TRAZIDOS DA MÃE AFRICA E ADOTADOS PELA MÃE AMAZÔNIA, COM O SANGUES DOS GUERREIROS DE NOSSOS ANCESTRAIS CRESCEMOS E CRIAMOS FRUTOS DELICIOSOS PARA NOSSOS GUERREIR@S E AMARGOS PARA NOSSOS INIMIGOS. A MUSICA, A LITERATURA, A DANÇA, A RELIGIÃO A ARTES PINTADAS EM NOSSOS CORPOS SÃO NOSSOS ESCUDOS.. QUE OS ORIXAS, SANTOS E ESPIRITOS ILUMINADOS NOS GUIEIS.. AXÉ BOA VIAGEM SEJAM BEM VINDO A BAIXADA..

terça-feira, 8 de março de 2011

ENTREVISTA COM DJ LÚ MARLEY


O Blog Daabaixada vem com muito respeito e admiração fazer uma grande homenagem a todas as mulheres que fortalece a engrandece a cena reggae e hip hop da cidade de Belém. Trazendo nessa semana entrevistas com grandes guerreiras, artista e militantes. E em nossa primeira entrevista conversamos com umas das maiores revelação da cena reggae do ano de 2010, onde tocou em vários eventos e contagiou a todos com seu estilo único e sua humildade, conhecimento e seqüência estiloso. Estamos falando da DJ Lu Marley. Que hoje mora na cidade de Macapá mais ainda e uma referencia para as DJs mulheres da cidade de Belém.           

Da baixada - Porque você quis ser uma DJ?
DJ Lu Marley = Tecnicamente a priori comecei pelo sonho ou aspiração de um namorado, que tinha muitos sons reggae e queria ingressar como DJ, como não davam muito espaço a ele eu decidi montar tipo uma “equipe” onde éramos 4 Djs, 2 desses Djs já tocavam  em várias casas na cidade. Agora falando na prática eu comecei a gostar mesmo de tocar, me interessei a conhecer sempre mais do estilo, porque apaixonada eu já era pelo reggae, mas, comecei a estudar a conhecer mesmo. Tive um problema sério de saúde e tive que me afastar por uns bons meses, depois que sai do hospital, passei a desenvolver atividades artísticas como teatro e musicalização, então quando pude me locomover de novo mais independente eu passei a atuar mais na cena reggae em Belém e apartir de então posso afirmar que quis ser uma Dj por conta de que posso me expressar, passando minhas mensagens de esperança, positivismo e denúncia como por exemplo, lembro que em uma ocasião uma rádio do estado do Amapá abriu um espaço para uma entrevista comigo e era véspera das eleições momento esse muito importante na história principalmente do estado citado, eu falei coisas do tipo que o povo daquele lugar não deixasse escapar a oportunidade de começar de novo um novo tempo, que se libertasse ( quem conhece um pouco do que aconteceu nesse estado vai me entender) que não vendesse seu voto, que voto consciente e nesse dia recebi emails, telefonemas entre outros elogiando e dizendo que eu era e sou um exemplo a ser seguido. Daí mais do que nunca percebo qual meu real papel como "Disc Jockey", denominação essa que foi criada para descrever anunciantes de rádio que introduziam e tocavam discos, em 1934. Disc é propriamente dito, a gravação, e jockey, é operador de máquina.

Da Baixada - Como você vê os movimentos de reggae em Belém?
DJ Lu Marley =  Eu considero os Movimentos de Reggae em Belém uma coisa louvável, acho muito linda a expressão de cada um a sua maneira, mas, tenho algumas críticas digamos que... Individuais sobre cada um deles. Não tenho conhecimento se em outros lugares no Brasil se há essa grande paixão e entusiasmo que existe em Belém em relação a fazer parte de um movimento, vestir com amor a camisa de um movimento como vemos na nossa cidade. Gosto muito das iniciativas de alguns movimentos aí de Belém que agora mais do que nunca estão com campanhas solidárias, mas, como disse anteriormente minhas críticas são no sentido que eu sou muito mais a favor de que seja dado a certo lugar ou mais claramente dizendo a uma comunidade, que seja dada uma perspectiva de vida a uma família, jovem, adolescente ou criança do que doar apenas alimentos e roupas sabe que isso é muito importante e tenho conhecimento que nossas periferias morrem de fome, mas, eu acho muito mais importante criar uma expectativa de mudança, abrir as suas mentes pra cultura, artes e o principal: EDUCAÇÃO. E conseguimos isso proporcionando oficinas, palestras, reuniões e etc. E isso os movimentos apartir do momento que se organizarem se unirem pode buscar e promover isso. O que sinto mesmo é que ainda existe meio que uma desunião e desorganização nesse sentido em Belém. Achei louvável a iniciativa que vi outro dia do Movimento Solidário que era um convite para elaboração de projetos para se buscar recursos que possam ser utilizados e direcionados para esse tipo de ideal que eu to citando e que eu busco.
 
Da Baixada - Qual é o tipo de festa que você mais gosta de tocar?
 DJ Lu Marley = Bem... Essa é uma pergunta que eu ainda não tinha parado pra pensar. Mas, enfim eu gosto de tocar em festa Reggae, principalmente naquelas onde estão meus amigos verdadeiros que acreditam e que dão força pro meu trabalho e não estão ali pra ficar me criticando pelo fato de ser mulher e de tocar em notebook. E isso é fato, acontece.
 Da Baixada - Qual foi o maior desafio que você enfrentou dentro da cultura reggae?
 DJ Lu Marley = O primeiro maior desafio que encontrei foi a questão da marginalização acerca da visão que a “sociedade” impõe sobre a cultura Reggae. Então posso concluir que o maior mesmo desafio foi dentro de minha própria família, pois, apesar de muitos membros de minha família serem conhecedores da proposta reggae e gostarem de coração, meus pais, alguns outros membros olhavam de forma errada, aquela velha história de que todo regueiro é drogado, é alienado e outras cositas mais que costumam nos rotular. Então esse foi o maior desafio que venci, pois, hoje eles têm uma visão de mim e de nosso mundo reggae completamente diferente e agora sim o correto. Sabem que quem quer seguir um pouco da cultura reggae busca harmonia, respeito, paz, amor, fazer o bem ao próximo e a si mesmo e o principal é crente demais em Deus. E principalmente durante e após a 1 MISSA REGGAE, que posso me orgulhar e dizer que participei ativamente da organização e idealização do evento juntamente com alguns movimentos reggaes pude ganhar total apoio e confiança da minha família, que pra mim é tudo de mais importante. Portanto posso apartir daí me considerar vitoriosa nesse desafio.


 Da Baixada- Qual a música mais importante do Bob Marley em sua vida?
 DJ Lu Marley = Caramba, essa é difícil.. São muitas, mas, vou tentar resumir um pouco porque gosto de cada uma dessas:
Three Little Birds : Porque quando estava num momento difícil desde meus 10 anos de idade eu sempre ouvia esse refrão: Levantei esta manhã,
“Sorri com o sol nascendo,
Três pequenos passarinhos
Pousaram na minha porta
Cantando doces músicas
De melodias puras e verdadeiras
Dizendo, "Esta é minha mensagem para você:"
Rock it Baby: Porque sou muito romantica e espero sempre viver um amor e o solo de guitarra havaiana é perfeito: “Baby, temos uma data, não se lembra?
Baby, baby, você não se atrasar. Por favor, não esqueça”...
Redemption songs: Essa é  a mais marcante porque no tributo a Bob Marley de 2010, eu fui a primeira mulher a tocar como dj principal no evento e coloquei esse som pra rolar promovendo um ato que entrou pra história do Tributo. Enquanto tocava a música eu pedi pra que as pessoas se dessem as mãos e fiquei falando umas palavras de encorajamento e reflexão e ficou tão intenso que eles fizeram uma grande roda na chuva e todos ficamos emocionados e me faltaram as palavras e nesse momento eu pude me considerar uma pessoa feliz e foi ao som de Bob: “Você não vai ajudar a cantar
Essas canções de liberdade?
Porque é tudo que já tive:
Canções de redenção
Canções de redenção
Emancipem-se da escravidão mental;
Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossa mente.
Úh! Não tenha medo da energia atômica,
Porque nenhum deles pode parar o tempo
Por quanto tempo vão matar nossos profetas,
enquanto ficamos parados olhando?
É, alguns dizem que é só uma parte disso:
Temos que completar o livro.”


Da Baixada - Fale suas maiores vitorias em sua vida?

DJ Lu Marley = São muitas as vitórias em minha vida, mas, posso dizer com muita alegria que a maior vitória é ter minha vida, é saber que vim de onde vim e que cheguei até aqui e que já me considero importante e até um pouco imortal, porque sei que se me for amanhã eu já deixei minha marca em muitos corações e pensamentos em Belém. Outra vitória é poder estar movendo meu membro esquerdo, sem depender de ninguém com uma dor suportável que acredito piamente que irá até o fim de minha vida. Outra vitória é saber que posso repassar tudo que vivi e aprendi a outras pessoas transformando vidas como transformaram a minha vida. Outra maior vitória é ser a décima quarta filha de uma família Silva, com papais vivos até hoje. Outra Vitória é poder agradecer a Deus todos os dias e dizer assim: REGGAE NA VEIA RASTA QUE TENHO ( Essa frase é minha e muitas das pessoas que eu falo já entendem o que quero dizer com isso). Pra mim significa Reggae na veia, alegria, respeito, harmonia e felicidade injetadas na veia - Rasta que tenho, significa na minha linguagem se explica da seguinte forma, o rastafarismo entre outras coisas prega PAZ, AMOR E LIBERDADE então tudo isso é o que busco e que proponho a todos. Essa eu também considero uma vitória.

Da Baixada - Existe uma decepção na sua trajetória como DJ?
DJ Lu Marley = Acho que não, não posso dizer que tenha tido alguma decepção, até acho que só tive alegrias, poderia ter dito ali na pergunta das vitórias que pelo fato de ser mulher uma vitória muito legal foi o fato de um prêmio no ano passado, isso prova que pelo que fiz já fui reconhecida, agora assim como disse antes também, mas, que não considero uma decepção, mas, me sinto um pouco incomodada e triste pelo fato de que aconteceu de alguns lugares eu ir tocar e alguns DJs me olharem ou me tratarem diferente por eu ter uma carinha de novinha (só a cara, rsrsrs) e aí rolar aquele papo de que regueiro novato não entende de nada, sem nem ao menos me conhecer e saber de minhas raízes. Eu sei que sou muito mais conhecedora e interada que muitos desses que me olharam dessa maneira.

 Da Baixada - Como você vê essa nova safra de djs mulheres no reggae em Belém?
DJ Lu Marley = Nossa eu vejo com muita alegria e entusiasmo e principalmente orgulho, porque temos mesmo que mostrar mais que podemos passar boas mensagens e expor nossas idéias e ideais, abrindo mais e mais espaço pra nós mulheres em todos os meios de comunicação, nas  artes, em todos os meios que pudermos contribuir para uma sociedade menos opressora e repressora.

 Da Baixada - Deixe uma mensagem para a galera que visita o blog daabaixada:
DJ Lu Marley = Minha mensagem é REGGAE NA VEIA RASTA QUE TEMOS. E acho que todos entenderam. Eu falo muito!

5 comentários:

  1. Muito Bom Lú Marley, continue assim essa pessoa maravilhosa q vc é, e humildade sempre. Blessing!

    ResponderExcluir
  2. MUITO BOM SABER QUE EXISTEM MULHERES GUERREIRAS COMO VOCE, QUE LUTAM POR UM IDEAL, E QUE VALORIZAM A CULTURA, SEMPRE VALORIZANDO SUAS RAIZES!

    PARABÉNS TAMBÉM PELA INICIATIVA DO BLOG!

    DANY CARDOSO
    PRODUTORA JAAFA REGGAE

    ResponderExcluir
  3. Miinha Tiia♥Parabéns,você merecee esse recoonheciimento.Sucesso...♥

    ResponderExcluir
  4. Obrigada a todos pela força que sempre me leva cda vez mais adiante.

    ResponderExcluir
  5. Minha querida e amada Lu Marley, meus parabéns.
    Tu és um exemplo de mulher e não tem como não se sentir encorajada depois de te conhecer.
    Amei tua entrevista, tuas palavras me fizeram ter ainda mais orgulho de fazer parte de tua vida.
    Tua força e determinação é um exemplo pra todos.
    Te amo muito amiga minha.
    Que Deus a abençoe ainda mais e te leve muito além do que possas imaginar ir.
    Felicidades...
    Beijinhos
    Nilse

    ResponderExcluir